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23 de outubro de 2019 as 10:01 / Agricultura e Desenvolvimento, Expovig

12ª Expovig: Produção e qualidade dos alimentos são foco em Fórum de Victor Graeff

Discutir os desafios relacionados à alimentação e que precisam ser enfrentados pela sociedade, estimular a adoção de práticas que promovam a produção, processamento, consumo e comercialização de alimentos seguros e a adoção de hábitos alimentares saudáveis foram os objetivos do 2º Fórum Microrregional de Segurança e Soberania Alimentar do Alto da Serra do Botucaraí. O evento realizado na sexta-feira (18/10), durante a 12ª Expovig, no Centro de Eventos, contou com a participação de agricultores, profissionais da área da saúde e extensionistas rurais.

O início da programação contou com os relatos de experiências de agricultores. Na sua apresentação, a agricultora Lenir Dendena Tatsch, de Campos Borges, falou sobre a “diversificação e a comercialização direta”. A partir da ideia do filho, Tiago, a família iniciou o plantio de tomates para “vender na beira do asfalto”. Foi cerca de 0,5 hectare (ha) cultivado. Atualmente, a área de produção é de 2,5ha e, além de tomates, são produzidos e comercializados pepinos, milho, cebola, abobora, moranga, pêssego, ameixa, mandioca, laranja, morango, entre outros. “O valor obtido com essa comercialização supre as demandas pessoais durante o ano todo e, com isso, o dinheiro da soja sobra para que possamos fazer investimentos na propriedade. A agricultura também é uma empresa e precisa ser tratada como tal”, contou Lenir.

A agricultora também ressaltou a importância do incentivo aos jovens para que permaneçam no meio rural. “Nós agricultores temos um poder muito grande. E precisamos mostrar aos jovens que é bom ficar no meio rural, pois se ele gosta da terra, do cultivo, o campo é rentável”, ponderou.

Em seguida, o agricultor Argemiro Heming, do município de Gramado Xavier, compartilhou seu trabalho com a produção de base ecológica. Na propriedade são cultivados 2,5 hectares com produção orgânica. Entre os alimentos produzidos estão frutas como uva, laranja, banana e bergamota, 25 variedades de hortaliças, como brócolis, alface, cenoura e tempero verde, além de milho, mandioca e batata. A comercialização é feita em feiras, no Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e no Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae). “Conseguimos pagar todas as nossas contas e obter um bom lucro no fim do ano. O que precisamos é nos unirmos na mesma causa (orgânicos) para beneficiar a nossa saúde. É ela, a saúde, que deve ter na nossa atenção”, contou o produtor.

A família ainda tem na produção de tabaco uma importante fonte de renda. “O fumo ainda a nossa principal fonte de renda, mas a meta é, em dois ou três anos, ficar somente com a produção orgânica. Hoje trabalho com o que eu gosto, com o que me motiva a seguir em frente”, relatou Heming. O atual desafio da família é o reconhecimento da qualidade dos alimentos produzidos. “Estamos buscando o certificado de alimento orgânico. É a nossa meta”, contou.

Em seguida, a extensionista Rural Social da Emater/RS-Ascar, Lisandra Mergen, palestrou sobre “a importância de produzir o alimento que consumimos”. A extensionista apresentou um comparativo sobre os hábitos alimentares de gerações passadas e atual, destacando que, em décadas passadas, as famílias eram compostas por mais pessoas, com isso havia mais mão-de-obra para trabalhar nas propriedades e produzir o alimento ofertado, com isso havia mais diversificação da produção, visto que pouco se adquiria. “Comecem a olhar na mesa de vocês o que está sendo ofertado à família. O que predomina são alimentos industrializados ou da agricultura familiar?”, questionou.

Lisandra também estimulou a construção de hortas domésticas. “Mesmo em pequenos espaços é possível produzir bem. Cerca de 40% dos alimentos da nossa mesa devem vir da horta. Também precisamos retomar o gosto pelo preparo do nosso alimento” incentivou. Segundo a extensionista, o produtor produz bem. “O que acontece as vezes é consumir mau. É preciso reavaliar o que estamos ingerindo”, ponderou.

A extensionista também apresentou um estudo realizado no ano de 2014 com famílias de Segredo, município em que atua, sobre o valor que seria gasto caso os produtos retirados da horta da família fossem adquiridos em supermercados. “No final do ano isso representa mais de R$7.750,00 que fica no bolso. A produção de alimentos sempre será uma renda. Pode não ser lucro obtido com a venda, mas é dinheiro que se deixa de gastar. Sem falar no alto valor nutritivo desses alimentos”, frisou. “A escolha está nas nossas mãos. Todos podemos preparar os nossos alimentos, mesmo em apartamentos é possível manter hortas. São as nossas escolhas que farão a diferença na nossa qualidade de vida”, incentivou Lisandra, ao final da palestra. Encerrando as atividades da manhã foram realizadas apresentações artísticas.

No período da tarde a programação teve continuidade com uma oficina sobre Plantas Alimentícias Não Convencionais (Pancs), ministrada pelas extensionistas Rurais Sociais, Laurita Zanotelli Scalco e Andréia Dal Molin. Na ocasião o público acompanhou o preparo de um bolo de ora-pró-nobis. E, encerrando a programação, foi realizada benção e troca de mudas e sementes crioulas.

Abertura
Na abertura do evento o engenheiro agrônomo e assistente técnico regional da Emater/RS-Ascar, Evandro Scariot, destacou que “num momento em que milhões de pessoas passam fome no mundo, é importante discutirmos estratégias para melhorarmos a produção e a qualidade da alimentação das famílias”.

Em seguida o coordenador regional da Secretaria Estadual da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr), Adelar Jandrey Soares, que representou o secretário Covatti Filho, falou das ações dos Governo do Estado, em especial da Seapdr, para estimular a agricultura. “Precisamos somar esforços para realizar os programas de governo e fortalecer a agricultura, como o Bolsa Juventude Rural, o Programa de Agroindústria Familiar e, sem esquecer, da Consulta Popular, que por meio da participação da população irá beneficiar agricultores da região”.

O prefeito de Victor Graeff, Cláudio Alflen, frisou o trabalho desenvolvido pela Emater/RS-Ascar. “Quero muita agradecer o trabalho da equipe da Emater municipal, que nos apoia em diversas ações e, em especial, por realizar esse evento. Discutimos muito sobre saúde, fazemos investimentos, mas nem sempre obtemos o resultado esperado. A saúde começa pelo prato e eventos como esse se antecipam aos problemas e incentiva a prevenção de doenças”.

O Fórum Microrregional de Segurança e Soberania Alimentar foi promovido pela Emater/RS-Ascar, com o apoio da Prefeitura de Victor Graeff. O evento é alusivo à Semana da Alimentação e integrou a programação da 12ª Expovig. Participaram do evento agricultores de Victor Graeff, Soledade, Alto Alegre, São José do Herval, Barros Cassal, Gramado Xavier, Ibirapuitã, Espumoso, Boqueirão do Leão, Campos Borges e Mormaço.

Ainda, contou com apresentações do Coral e Grupo de Dança do CRAS do município.

Assessoria de Imprensa da Emater/RS-Ascar – Regional de Soledade



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